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Boas notícias são tão raras que a rádio CBN criou um programa diário só para elas... de um minuto de duração.
Noticiário de hoje:
1) Natura é autuada em R$ 627 milhões pela Receita Federal, acusada de impostos não pagos. Empresa nega irregularidades e anuncia que vai recorrer.
2) MMX, de Eike Batista, é multada em R$ 3,8 bilhões pela Receita Federal. O Fisco cobra impostos, como Imposto de Renda, que não teriam sido pagos em 2007. A mineradora contesta.
3) Prefeitura do Rio interdita siderúrgica da CSA. Empresa não tem alvará, segundo a Secretaria Especial de Ordem Pública. Multa por não cumprimento é de 570 reais por dia.
Marcada por problemas ambientais e operacionais que já lhe renderam pelo menos duas multas milionárias por parte do governo do Estado do Rio, a Companhia Siderúrgica do Atlântico enfrenta agora um entrave burocrático com a Prefeitura do Rio - por falta de "licença de funcionamento de estabelecimento", ou seja, alvará. Como se trata de medida administrativa, a SEOP informou que enviará fiscais para verificar se a empresa está obedecendo a determinação. Em caso de descumprimento, a CSA terá de pagar multa de R$ 570, 65 por dia.
Inaugurada em 2010, após quatro anos em construção (com parte da mão de obra constituída por "navios" de operários chineses ilegais), a CSA é um empreendimento da alemã ThyssenKrupp, que detém 73,13% das ações (na Alemanha tal modelo de siderúrgica não pode funcionar há décadas, por anacrônico), com a Vale, que tem os 26,87% restantes. A controladora da CSA busca compradores para a siderúrgica (que polui gravemente o seu entorno, agredindo o meio ambiente e a população) - que não apresentou resultados satisfatórios, para dizer o mínimo. A unidade havia sido planejada para atender ao mercado externo, mas foi afetada pela queda da demanda internacional por aço, a partir da crise de 2009.
4) ONU revê normas de proteção ao consumo. Brasil vai apresentar propostas de ressarcimento rápido a clientes e experiência em assuntos financeiros. As novas diretrizes da Organização das Nações Unidas vão proteger mais o consumidor no comércio eletrônico, no ressarcimento de danos e nas questões financeiras. A última atualização foi em 1999. Essas normas do organismo multilateral são uma referência internacional para o movimento dos consumidores. A Consumers International está trabalhando com seus membros para enriquecer as propostas sobre com as diretrizes podem melhor responder às preocupações dos consumidores de hoje.
Para Ricardo Morishita, coordenador do curso de Direito da FGV/RJ, medidas econômicas deveriam ser atreladas a direitos sociais: - as questões concorrenciais não estão dando conta dos problemas gerados pelo mercado e vivenciados pelos consumidores. Não se trata mais de casos isolados. Estamos em um contexto diferente de 20 anos atrás. As leis de concorrência precisam entrar mas questões estruturais da sociedade.
Morishita afirma que as medidas econômicas dos países deveriam ser atreladas a direitos sociais e de consumidores, de forma que as empresas tenham incentivos e também obrigações (especiais): - ao dar um incentivo fiscal, o governo pode atrelá-lo à manutenção do emprego, que é o lado social, e exigir qualidade nos produtos e garantia de atendimento, pois, afinal, é o consumidor que está pagando essa conta.
5) Estações fantasmas do BRT. Recanto das Garças e Dom Bosco, no Recreio, foram construídas sem que houvesse demanda. Como se não bastassem os buracos na pista, o BRT Transoeste, inaugurado pela prefeitura em junho passado como aposta para reorganizar o transporte público no Rio, conta com instalações fantasmas. Passados sete meses do início dos serviços, as estações Dom Bosco e Recanto das Garças, que ficam nos trechos menos urbanizados da Avenida das Américas, jamais funcionaram, embora já estejam (cinematograficamente) equipadas. Na Recanto das Garças, está tudo pronto. As cadeiras já estão instaladas, e as televisões, ligadas (adivinha em qual canal), mas apenas um vigia permanecia ontem no local. Ela fica a menos de 500 metros da estação "Notre Dame".
O custo médio de cada estação é estimado em cerca de R$ 1 milhão. Os gastos até 2016 devem chegar a R$ 1 bilhão com a expansão do Transoeste.
6) Recalls crescem, mas adesão ainda é baixa. No Brasil, em média, 60% dos consumidores atendem aos chamados. Veículos são os mais procurados: - se as empresas fossem responsabilizadas na área cível e criminal, a história seria diferente (Maria Inês Dolcci, coordenadora institucional da Proteste). É a reclamação à empresa - pelo consumidor - e aos Procons, a partida de muitos recalls.
COMENTÁRIOS:
O Brasil de 2013, do PAC, baseia-se em incentivos fiscais à indústria automobilística e à indústria do petróleo. Parece que estamos nos Estados Unidos de cem anos atrás, com Ford e Rockefeller (Standard Oil). Tamanho atraso, centenário, espalma-se no patrimonialismo e no coronelismo presentes na política partidária brasileira. A cidadania brasileira - a parte "antenada" e completamente integrada ao primeiro mundo - não pode se contentar com relações de consumo e de satisfações públicas tão toscas quanto as que povoam nosso dia-a-dia, vide o recorte acima, com apenas 5 "pérolas". Chamem o Ralph Nader!
Será que essas são questões de relações públicas? Este noticiário trouxe fatos que afetam - negativamente - a imagem de algumas organizações. Natura, sempre bem na foto; e CSA, quase sempre mal na foto; e uma das empresas de Eike Batista - solitário "filantropo" carioca citado nas minhas salas de aula - seriam "salvos" por boas relações públicas? Será possível, ou aceitável, administrar bem a imagem "na foto" e, ao mesmo tempo, sonegar impostos e destruir o meio ambiente? bastará uma consultoria estrelada de "gestão de crises" para contornar o problema. Ou tais organizações teriam que "cortar na carne" e resolver seus problemas para que, sem eles, pudessem posar à vontade, de "mais admiradas"? Por isso, cada vez mais, é preciso um perfil de errepê competente em lidar com as questões administrativo-financeiras que NÃO SÃO "releases-de-auto-elogios" e, no nível do board das empresas - como, aliás, acontece no primeiro mundo, influir em decisões de negócios com um olho no quê essa ou aquela decisão podem ter de risco potencial em termos de baixa de goodwill (simpatia, boa vontade) decorrente de futuro noticiário desfavorável.
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quarta-feira, 9 de janeiro de 2013
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