....................................................................................................

Uma reflexão independente sobre a mídia.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

PORCA MISÉRIA! QUEM LÊ TANTA NOTÍCIA?

>
OUTRO DIA, UM IRADO Ricardo Boechat qualificou de "porcaria" um serviço público.

Ouço o Boechat (na Band News Fluminense FM) de vez em quando. E ele é mesmo irado de vez em quando. Mas nunca tinha ouvido antes o adjetivo "porcaria" da parte dele.

Porcaria, no dicionário, quer dizer “objeto sujo, nojento; coisa em mau estado ou sem valor”.

Hoje, lendo as manchetes d'O Globo - único jornal que sobrou para assinar no Rio de Janeiro, infelizmente - eu CONCORDO com o Boechat. Que porcaria!

QUE PORCARIA de país é este em que os ônibus (principal meio de transporte escolhido pela PORCARIA de nossos gestores públicos, há décadas) não sofrem fiscalização e há veículos "rodando" há 22 anos? P. 3

QUE PORCARIA de país é este que não sabe mais formar médicos e engenheiros, a ponto de ter que importá-los? P. 4

QUE PORCARIA de país é este em que as contas de um partido (no caso, o PT) serão julgadas somente DEZ anos depois? P. 5

QUE PORCARIA de país é este em que frotas “suplementares” (leia-se ônibus-piratas) lucram absurdos também sem fiscalização? P. 8

QUE PORCARIA de país é este em que o povo tem que invadir a “casa do povo” (Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro) para lavá-la? P. 9

QUE PORCARIA de país é este em que o povo tem que fazer vigília na porta da casa do prefeito e do governador para mostrar que existe? P. 9

QUE PORCARIA de país é este em que os professores precisam entrar em greve para se fazerem ouvir? P. 10

QUE PORCARIA de país é este em que uma pessoa é “detida para averiguações” e não volta mais para casa? P. 11

QUE PORCARIA de país é este em que o patrimônio histórico-cultural da ÚNICA cidade imperial de todo o continente americano – Petrópolis – está à beira da ruína? P. 13

QUE PORCARIA de país é este em que nada muda? O sociólogo baiano Alberto Guerreiro Ramos, no seu livro “O problema nacional do Brasil”, de 1959, já afirmava que “nossa situação política é definida pela crise de representatividade dos quadros partidários e governamentais... desligados da atividade prático-concreta do povo”. P. 14

QUE PORCARIA de país é este em que os hospitais universitários faliram e ruíram, não sendo hoje mais opção de tratamento ou de treinamento? P. 18

QUE PORCARIA de país é este em que não há saneamento básico (631 municípios tratam menos de 10% do esgoto recolhido)? P. 19

QUE PORCARIA de país é este em que mulheres e negros são mais de 60% entre os que estão desempregados há mais de um ano? P. 21

QUE PORCARIA de país é este em que um ex-bilionário caloteiro é festejado em notícia porque “ainda consta” do anuário dos homens mais ricos do mundo? P. 22

QUE PORCARIA de país é este em que a diplomacia se curva aos Estados Unidos e ao Reino Unido diante de graves e repetidas violações dos direitos civis de seus cidadãos? P. 27

QUE PORCARIA de país é este que dá, barato, um seu cidadão ilustre, morto no exercício do mais alto cargo de direitos humanos da ONU? P. 28

ESTA PORCARIA DE PAÍS, INFELIZMENTE, É O BRASIL!
>

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Quem vai tirar as crianças da sala?

>
Toda produção artístico-cultural popular tem grande audiência. Por isso é popular. 

Se a população tem pouca instrução (educação básica) e cultura (acesso a outros repertórios, algo que só a família e a escola podem fazer), os meios de produção têm que circunscrever seus produtos a esta audiência.

Todos percebem uma modificação do próprio "padrão global" na última década, quando da ascensão das "novas classes médias", C, D, E, F, G, H. O apelo aos baixos instintos também pulula na França, nos EUA, na Dinamarca. O baixo nível da TV aberta é um fato universal. O BBB é multinacional.

Por que se demoniza a Globo? Muda de canal!

Há, porém, um ponto a ressaltar: a falta de concorrência proporcionada por uma legislação podre de velha (nosso marco regulatório da comunicação é de 1962), que permite concentrar 50% das verbas publicitárias em apenas UM conglomerado da indústria cultural (vale a pena recorrer a Adorno, que não é enfeite) - fato ÚNICO no mundo, nos países muito desenvolvidos e nos menos também.

E é este o cerne da crítica ao status quo da nossa mídia, proporcionado não por outros que não nossas "excelências", os políticos profissionais, que, aliás, pela Constituição Federal, não poderiam ter rádios e TVs, mas as possuem por meio de "laranjas", usando-as indiscriminadamente, não obedecendo o que a CF de 1988 também prescreve em seus Artigos específicos para Comunicação e para Cultura.

Quanto a "mudar de canal" - o óbvio conselho do Merval Pereira, seria preciso que as milhões de crianças que ficam "presas" em seus barracos a tarde inteira, tivessem ali a presença de pais ou responsáveis para fazê-lo. Mas os mesmos estão pendurados nos transportes urbanos correndo atrás do pão de cada dia, fugindo dos tiroteios que seus filhos assistem "ao vivo" até que eles cheguem para assistir, juntos, a "mais um campeão de audiência".

E como diria o William Homer Simpson Bonner: boa noite!
>

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

NÃO PASSARÃO!

>
E as "Organizações" já colocaram seus "campeões de audiência" para desqualificar "o" fato comunicacional da semana: a entrevista de dois "medianinja" no Roda Viva da última segunda-feira.

Ora, a grande razão para a mídia tradicional (estenda-se este tópico a toda a indústria cultural) estar falindo, ano após ano, a ponto de Jeff Bezos - um mago da web - comprar o Washington Post por 250 milhões de dólares ("na bacia das almas"), é a estrutura nababesca em que a mesma se transformou, começando e terminando por salários estelares e mordomias sem fim para o "cast". Inclua-se, claro, os queridinhos e queridinhas do mais novo segmento da indústria do entretenimento: o jornalismo (segundo a ESPM, que, como se sabe, é - agora - "jornalista" desde criancinha).

Três dos maiores nababos da nave-mãe puseram a rodar o mesmo filme, "Detona Ninja", em seus espaços.

(1) Começo as citações por KOGUT, P.: "O Roda-Viva com Bruno Torturra e Pablo Capilé, da Mídia Ninja, teve média de 1,4% de audiência... Esse número, entretanto, não é alto: para o leitor ter uma ideia, um ponto de audiência de TV no Ibope equivale a 62 mil domicílios em São Paulo". Muito didático, grato. Então, tá. Ninguém viu. Por isso o "link" aí, a seguir.

(2) Na trincheira, também está XEXÉO, A.: "Desafio qualquer espectador do 'Roda Viva'... a jurar que entendeu o discurso da dupla (NINJA)... Se este é o melhor exemplo de 'nova mídia', nosso futuro é tenebroso". Sutil, esse grande tradutor de Janete Clair, que, claro, quer juras de amor.

(3) Encerra esta "primeira bateria", a soldado RÓNAI, C.: "Não vejo o mundo dividido entre 'mídia clássica' de um lado e 'mídia ninja' de outro... fico com a sensação amarga de que algo está fora do meu campo de compreensão quando vejo os ninjas filmando os jornalistas da mídia tradicional sendo agredidos e enxotados das manifestações sem fazer um só gesto em sua defesa". Deve ser mesmo difícil entender que a "mídia ninja" quer ser parte do povo - que está farto do pastiche (recheio do quarteirão-com-queijo de novelas) "boa noite" da dupla BONNER-POETA - e não da 'intelligentsia' a qual Adorno - que não é enfeite - descreveu como a classe "dos gerentes muito bem pagos da indústria (massiva) de imaginário".

O MINISTÉRIO DA EDUCOMUNICAÇÃO ADVERTE - GANHAR UM BOM SALÁRIO POR ANOS NA MÍDIA TRADICIONAL FAZ MAL À SAÚDE MENTAL DOS EMPREGADOS. ELES FICAM IGUAIS AOS PATRÕES. Veja:



RODA-VIVA DE 05/08/2013