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Uma reflexão independente sobre a mídia.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Infelizmente, isto acontece mais do que se noticia...

... a carteirada!

Você sabe com quem está falando?

A pergunta típica, estudada em profundidade pelo mestre Roberto DaMatta, não está dependurada só na voz de "autoridades" que, aliás, pelo simples fato de articularem-na deveriam perder sua condição... uma espécie de "teje preso" instantâneo por parte do cidadão comum, vítima predileta dessas genuínas "otoridades".

Infelizmente a arrogante pergunta povoa - e cada vez mais - o vocabulário dos repórteres. Até daqueles nem tão repórteres assim... 

Explico

Durante muitos anos, desde a ditadura, o crachá de IMPRENSA livrou muita gente de porrada, da prisão "para averiguações" (tipo Amarildo) e, até, de pagar ingresso em cinemas, teatros e shows. Ostentar este crachá, aliás, tornou-se algo muito mais importante para alguns jornalistas - principalmente aqueles do tipo "de assessoria" (ou em assessoria como preferem outros), praticantes do "jornalismo de notinhas" - que o diploma.

E passou a existir uma indústria de credenciais de imprensa. Com benefícios aqui e no exterior, acesso "ilimitado" (parece até a propaganda - enganosa - das companhias telefônicas). Com direito a carimbo vermelho com o termo IMPRENSA em letras garrafais - para que nem um porteiro míope possa atrapalhar o sagrado direito de ir e vir do repórter - mesmo que esteja gozando férias em Paris.

Presenciei, certa vez, uma conversa de coleguinhas, discutindo como a credencial da Fenaj dava acesso a teatros na capital francesa, diferentemente da "credencial chulé" do sindicato. E ainda há um hard prazo de validade. Ou seja, todo ano tem que "pingar" o custo da credencial, dada só a quem paga, mesmo que não se esteja trabalhando na imprensa. Vida dura a desses colegas...

O vício é acompanhado de outro, ainda hoje: a ostentação de um tal "registro" na "DRT", no MTB, algo que NUNCA foi credencial profissional, se não artifício adotado pelos jornalistas no tempo da ditadura para não serem presos, provar "emprego fixo" em redação, quando - obviamente - a carteira de trabalho (expedida pelo MTB - Ministério do Trabalho e Emprego) teria uma anotação na Delegacia Regional do Trabalho. 

Boca torta

Os maus hábitos continuados levam alguns a assumirem tons de arautos da "verdade verdadeira" e, mais infelizmente ainda, pululam nas faculdades, fazendo "bicos", ou freelas (no jargão dos coleguinhas) como "professores", uma vez que não entram numa redação há décadas...

Veja aqui outro exemplo - grave - da má prática que tem que ser eliminada se queremos uma comunicação que leve à tão demandada (e tão pouco entregue) "transparência".