terça-feira, 19 de fevereiro de 2013
Gato por lebre? Não. Cavalo por boi.
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A incrível notícia, dada ontem pela Globo News, é mais um exemplo do que se tornou o jornalismo no Brasil. O jornalismo "de assessoria", o jornalismo "de notas".
Um fato grave acontece. O que faz a mídia (dita "quarto poder"...) em "defesa" da verdade factual? Contrata uma análise no Instituto Adolfo Lutz e desmascara a JBS? Manda um repórter "in loco" (longe, né, mas quê fazer?) ? Não, simplesmente publica "notas à imprensa" de seus belos (e gordos) anunciantes, produzidas por suas belas (e caras) assessorias.
Vide a "notícia" como dada ontem na TV: "A Nestlé comunica que seu fornecedor é a JBS. A JBS comunica que utilizou material de outra empresa sua fornecedora no lote despachado para a Nestlé". E pronto! Fim da "notícia". Fim da "reportagem". Nem um comentário. Nem uma análise.
Vamos acompanhar, a partir de hoje, a continuação da "guerra de notas"... e o pobre do leitor, ouvinte, telespectador e internauta engole essa gororoba todo dia, como isto jornalismo fosse, sem saber como se resolve o problema das pessoas que ingeriram cavalo por boi.
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Nossos comerciais, por favor!
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Será que não existe um só católico praticante nas redações
da Folha e do Estadão?
Ambos os veículos publicaram – além da mesma foto de
capa - a mesmíssima “análise” sobre o sermão de Bento XVI em sua última missa pública
como Papa.
Ambos os jornalões – melhor seria chamá-los, nesse caso, de
papelões – publicaram, mais ou menos isso:
“... o Papa criticou os hipócritas
que atrapalham a Igreja como instituição que precisa continuar sempre
crescendo...”. E deitaram peroração sobre intrigas, traições e ardis nos
bastidores da Santa Sé...
Será que ninguém teve a curiosidade de apurar (importante verbo do jargão
jornalístico) e pensar um pouco se o tema abordado pelo Papa fora desabafo e clamor por
compreensão ao seu ato de renúncia ao poder (como cravaram nas suas manchetes), ou se não seria (como foi, e é, e será, sempre) o mero repetir da
‘palavra’ da Igreja aos fiéis naquele domingo, naquele semana?
Se os batalhões de repórteres enviados a Roma tivessem um
mínimo de tino jornalístico (do tipo genuíno – não aquele mal ensinado e nunca aprendido
em faculdade) ou um mínimo de cultura; saberiam que as leituras propostas pela
Igreja Católica, ao mundo inteiro, nas missas do início do período quaresmal, são
típicas e recorrem, sempre, às mesmas passagens bíblicas, como consta dos missais
distribuídos, tanto na Basílica de São Pedro, em Roma, quanto na singela paróquia
de Morungaba, estado de São Paulo, onde ouvi as mesmas passagens, lidas por membros
da comunidade e comentadas, na homilia, pelo pároco local:
“... quando deres
esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas
sinagogas e nas ruas, para serem elogiados pelos homens... quando orardes, não
sejais como os hipócritas, que gostam de rezar em pé, nas sinagogas e nas
esquinas das praças, para serem vistos pelos homens... quando jejuardes, não
fiqueis com o rosto triste como os hipócritas. Eles desfiguram o rosto para que
os homens vejam que estão jejuando...” (trecho do Evangelho segundo São
Mateus).
O jornalismo é tão mais tosco quanto tosca for a audiência. Utilizar uma interpretação fora de propósito para produzir manchetes em letras garrafais é recurso para vender jornal tão ruim quanto escancarar fotos sanguinárias na primeira página – hipocrisia tão “adotada” pelos jornalões de quinta categoria que no Brasil vêm sendo publicados... por obra e graça, claro, de nossos queridos anunciantes.
O jornalismo é tão mais tosco quanto tosca for a audiência. Utilizar uma interpretação fora de propósito para produzir manchetes em letras garrafais é recurso para vender jornal tão ruim quanto escancarar fotos sanguinárias na primeira página – hipocrisia tão “adotada” pelos jornalões de quinta categoria que no Brasil vêm sendo publicados... por obra e graça, claro, de nossos queridos anunciantes.
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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013
Tem mas acabou!... Passa ontem!... Me erra!
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Lembrando Canclini, duas ocorrências envolvendo "consumidores e cidadãos" no último fim de semana, merecem destaque por aqui:
PRIMEIRA
Uma notícia veiculada pela Band News no sábado à noite, dava conta de um passageiro da companhia aérea GOL, procedente do exterior, com destino a São Paulo e parada forçada, antes, no aeroporto internacional Tom Jobim (pobre maestro, com essa tralha atrelada a seu santo nome), que teve sua bagagem violada e pertences furtados.
Depois de toda a via crucis a que esteve sujeito, entre Infraero, PM e Gol - todos preguiçosos e inapetentes para socorrer o pobre consumidor - o dito cujo fez um desabafo nos microfones, até muito educado, relatando o cansaço de um dia inteiro de jogo-de-empurra entre "autoridades" para algo que, sabe de antemão, de nada adiantará...
Conclusão da matéria, na fala da repórter, mais ou menos assim:
- Procuradas pela nossa reportagem, Infraero e Gol "disseram" que só podem manifestar-se sobre o ocorrido "através" de suas assessorias de imprensa, as quais só "funcionam" de segunda a sexta-feira...
O que não "funciona", nesse caso, são as relações públicas dessas duas campeãs de desrespeito ao cidadão: Infraero e Gol.
SEGUNDA
Matéria do programa "De Bem", no GNT, domingo à noite, mais ou menos assim:
- "Conheça o Paulo": ele já tem tantos anos e ainda mora com a mãe, Dona Fulana, que apesar de gostar de ter o filhão por perto, quer muito que ele tome um "rumo" na vida...
Fala o "Paulo":
- Estou estudando para um concurso aí, você sabe, às vezes mais, às vezes... não estudo nada. Concurso pra fiscal. Teve ano passado, esse ano não se sabe se vai ter... eu fico nessa - a gente tem que ser feliz...
COM UM FISCAL DESSES... TEMOS UM PAÍS "DAQUELES"
Será que ninguém percebe, na inocente matéria do "De Bem", que é esse tipo de gente, sem eira nem beira, que vai fiscalizar absolutamente TUDO neste país? Receita estadual, as eleições, condições sanitárias, de segurança, eletricidade, qualidade da água, transportes aéreos, e quem sabe, até produção de energia nuclear?
Na próxima vez que você ouvir de alguém que "está fazendo concurso pra qualquer coisa", denuncie, escreva, dê um conselho... Faça qualquer coisa para explicitar esse absurdo tão "nosso" - brasileiro, profissão concurseiro.
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Lembrando Canclini, duas ocorrências envolvendo "consumidores e cidadãos" no último fim de semana, merecem destaque por aqui:
PRIMEIRA
Uma notícia veiculada pela Band News no sábado à noite, dava conta de um passageiro da companhia aérea GOL, procedente do exterior, com destino a São Paulo e parada forçada, antes, no aeroporto internacional Tom Jobim (pobre maestro, com essa tralha atrelada a seu santo nome), que teve sua bagagem violada e pertences furtados.
Depois de toda a via crucis a que esteve sujeito, entre Infraero, PM e Gol - todos preguiçosos e inapetentes para socorrer o pobre consumidor - o dito cujo fez um desabafo nos microfones, até muito educado, relatando o cansaço de um dia inteiro de jogo-de-empurra entre "autoridades" para algo que, sabe de antemão, de nada adiantará...
Conclusão da matéria, na fala da repórter, mais ou menos assim:
- Procuradas pela nossa reportagem, Infraero e Gol "disseram" que só podem manifestar-se sobre o ocorrido "através" de suas assessorias de imprensa, as quais só "funcionam" de segunda a sexta-feira...
O que não "funciona", nesse caso, são as relações públicas dessas duas campeãs de desrespeito ao cidadão: Infraero e Gol.
SEGUNDA
Matéria do programa "De Bem", no GNT, domingo à noite, mais ou menos assim:
- "Conheça o Paulo": ele já tem tantos anos e ainda mora com a mãe, Dona Fulana, que apesar de gostar de ter o filhão por perto, quer muito que ele tome um "rumo" na vida...
Fala o "Paulo":
- Estou estudando para um concurso aí, você sabe, às vezes mais, às vezes... não estudo nada. Concurso pra fiscal. Teve ano passado, esse ano não se sabe se vai ter... eu fico nessa - a gente tem que ser feliz...
COM UM FISCAL DESSES... TEMOS UM PAÍS "DAQUELES"
Será que ninguém percebe, na inocente matéria do "De Bem", que é esse tipo de gente, sem eira nem beira, que vai fiscalizar absolutamente TUDO neste país? Receita estadual, as eleições, condições sanitárias, de segurança, eletricidade, qualidade da água, transportes aéreos, e quem sabe, até produção de energia nuclear?
Na próxima vez que você ouvir de alguém que "está fazendo concurso pra qualquer coisa", denuncie, escreva, dê um conselho... Faça qualquer coisa para explicitar esse absurdo tão "nosso" - brasileiro, profissão concurseiro.
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