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Uma reflexão independente sobre a mídia.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Muda de canal!

Toda produção artístico-cultural popular tem grande audiência. Por isso é popular. 

Se a população tem pouca instrução (educação básica) e cultura (acesso a outros repertórios, algo que só a família e a escola podem fazer), os meios de produção têm que circunscrever seus produtos a esta audiência.

A Globo se liga em você.

Todos nós percebemos uma modificação do próprio "padrão global" na última década, quando da ascensão das "novas classes médias", C, D, E, F, G, H. O apelo aos baixos instintos também pulula na França, nos EUA, na Dinamarca. O baixo nível da TV aberta é um fato universal. O BBB é multinacional.

Há, porém, um ponto a ressaltar: a falta de concorrência proporcionada por uma legislação podre de velha (nosso marco regulatório da comunicação é de 1962), que permite concentrar 50% das verbas publicitárias em apenas UM conglomerado da indústria cultural (vale a pena recorrer a Adorno, que não é enfeite *) - fato ÚNICO no mundo, nos países muito desenvolvidos e nos menos também.

É este o cerne da crítica ao status quo da nossa mídia, proporcionado não por outros que não nossas "excelências", os políticos profissionais, que, aliás, pela Constituição Federal, não poderiam deter concessões - que são públicas - de emissoras de rádio e de TV, mas as possuem por meio de "laranjas", usando-as indiscriminadamente, não obedecendo o que a CF de 1988 também prescreve em seus Artigos específicos para Comunicação e para Cultura.

Quanto a "mudar de canal" - o óbvio conselho de Merval Pereira et alii, seria preciso que as milhões de crianças que ficam "presas" em seus barracos a tarde inteira, tivessem ali a presença de pais ou responsáveis para fazê-lo. Os mesmos, porém, estão dependurados nos transportes urbanos correndo atrás do pão de cada dia e fugindo dos tiroteios que seus filhos assistem "ao vivo" até que seus pais cheguem para assistirem, juntos, a "mais um campeão de audiência".

E como diria o William Homer Simpson Bonner: boa noite!

* "Adorno não é enfeite" é a denominação de uma chapa candidata, no passado, ao Centro Acadêmico de Comunicação Social da UERJ.

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