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Uma reflexão independente sobre a mídia.

sexta-feira, 22 de março de 2013

Quando a propaganda é a alma... do engano.

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Como uma onda no mar...

Antes da atual onda de corrupção via "mídia" (explico: com Marcos Valério e Duda Mendonça descobriu-se um ramo de atividade pródigo em alternativas para "recursos não-contabilizados", à la Delúbio - a propaganda). Antes, o segmento predileto das maracutaias era o das empreiteiras.

Na liderança delas todas, a baiana (como Duda), Odebrecht. 

É mais fácil dizer que a criação de um comercial para o partido "Tal" custou 1 milhão de reais - e até colocar isso numa nota fiscal válida - do que relatar-se uma despesa com material e mão-de-obra do mesmo milhão de reais numa ponte... que não existe. Sei que este tipo de corrupção "antiga" ainda grassa, mas - vamos combinar - a "nova" dá menos trabalho. Pelo menos, não precisa ir até a cidade de Onde-o-Judas-perdeu-as-botas para fotografar a ponte que vai de nada a lugar-nenhum...


Agora tem a onda do greenwashing...

E quem está lá, surfando a onda? A mesma Odebrecht, agora com vários nomes diferentes, como no anúncio de página inteira (a de número 7) publicado no dia 21 de março, n'O Globo, sob a égide da - poética - Odebrecht Ambiental... parece piada... lembrando-nos que ontem, 22/03, foi o Dia Mundial da Água, com a sugestiva chamada "Dia Mundial da Água. Para todo mundo é amanhã. Para nós é todo dia". Palmas para os redatores publicitários!

And the winner is...

Devia existir um troféu Cara-de-Pau para os contadores de mentiras deslavadas produzidas pelas organizações e empurradas goela-abaixo da população via mídia - e cara mídia (a mais cara do mundo, em dólar), e, ainda, isenta de impostos!

E não é que hoje, a corporação Odebrecht voltou à carga?

E publicou uma sobre-capa - ou seja - quatro páginas inteiras, no caderno RioShow, do mesmo jornal (escrevo do Rio, terra de um jornal relevante só), provocando furor para mais uma realização - e mais uma marca - desta vez, a da Odebrecht Realizações... (sabe-se lá que realizações são - e foram, em décadas - essas...), agora alcunhadas, conforme o texto do anúncio, de um "presente" para o Rio de Janeiro: montes de torres de vidro e aço no projeto de Porto-Maravilha do "seu" Eduardo - Maia - Paes. Haja criatividade! Publicitária e contábil.

Mais um escárnio. E tome liberdade de expressão e de imprensa! De se exprimir inverdades e de se imprimir sem qualquer regulação... ou pudor.
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quinta-feira, 7 de março de 2013

De ontem. De novo.

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E atenção! Agora a nota "quarteiriza" a fonte... esses caras se aperfeiçoam no erro...

Como se já não bastassem os exemplos que o Observatório da Comunicação Institucional (OCI) tem trazido à tona sobre o jornalismo de assessoria que grassa entre nós, no Brasil, agora surge uma inovação (palavra da moda): a "quarteirização" da fonte.

É mais ou menos assim: a fonte "a" disse "z" - o que muito incomodou "x" e seus pares. Diante do "estrago", "b", assessor de "a", um terceirizado, resolve - e nunca saberemos se de acordo com "a" ou não - "soltar uma nota" (chronica inflationes) desmentindo o ocorrido, mas assinando em seu próprio nome ("b") e não da fonte que representa, "a". Uma "quarteirização" enviesada.

Credibilidade pública (o que é isso?)

Então estamos combinados assim: "b" é bom moço e desdiz o que quem realmente interessa disse. E fica o dito pelo não dito, pois "b" tem credibilidade - e acesso (ou será só acesso?) aos media e consegue publicar a sua versão do fato, sendo "tido como" representante "direto" da fonte. E, então, como num passe de mágica, a realidade muda, e "a", que nunca se arrependeu ou se desculpou, fica "bem na foto" (impressa, falada, televisada, internatizada). E ponto.

Ótimo - e prático! - jornalismo esse, de nota e fim de papo.

O Observatório da Comunicação Institucional adverte: jornalismo de notas faz mal à saúde da cidadania.

Saiba mais:

Fato (como noticiado n'O Globo de 06/03/2013): o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, recomendou que um repórter do jornal "O Estado de S. Paulo" fosse "chafurdar no lixo". Em seguida, o chamou de "palhaço".

A quarteirização das desculpas: Na nota divulgada, o secretário de comunicação do STF pediu desculpas e disse que o comportamento de Barbosa era isolado, pois ele teria um relacionamento positivo com a imprensa como padrão. "Em nome do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, peço desculpas aos profissionais de imprensa pelo episódio ocorrido hoje, quando após longa sessão do Conselho Nacional de Justiça, o presidente, tomado pelo cansaço e por fortes dores, respondeu de forma ríspida à abordagem feita por um repórter. Trata-se de episódio isolado que não condiz com o histórico de relacionamento do ministro com a imprensa", diz [sic} a nota.

O COMENTÁRIO DO OCI - Marcondes Neto

OK, vocês venceram! O ministro é uma seda, sempre foi uma seda e será sempre uma seda. Aconteceu rigorosamente nada e por isso o ministro não tem do quê se desculpar. Só eu, secretário de comunicação, que estou pedindo desculpas, talvez por... existir.
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quarta-feira, 6 de março de 2013

Jornalismo "de notas" é doença que vitima a cidadania.


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O tema é recorrente. E a discussão torna-se aborrecida. Mas é preciso pontuar o mal cada vez que ele aparece.

Jornal O Globo, terça-feira, dia 05/03 (P. 11).

Título da notícia: "Carro furtado é encontrado com policial".

Subtítulo: "Dono seguiu veículo e viu motorista entrar no batalhão da Tijuca".

Lead: "Depois de passar quase dois anos recebendo em casa multas por excesso de velocidade com [sic] o seu carro furtado, o técnico de áudio e vídeo José Florisval, de 37 anos, decidiu ficar de tocaia junto ao radar onde [sic] as infrações eram cometidas e, na manhã de ontem, flagrou seu veículo dirigido por um homem. Ele seguiu o veículo até a Tijuca, onde o motorista parou em frente ao 6o. BPM (Tijuca) e entrou no batalhão. Em nota [começa aqui o nosso 'case'], a PM confirmou que um policial estava com o automóvel e disse que vai investigar o caso".

Resumo da ópera: o carro fora colocado à venda numa loja de carros usados de propriedade de um notório estelionatário, que a fechou sem dar satisfações a ninguém, inclusive à vítima, neste 'case'. O ex-dono recebia multas e quando deu o "flagra" ligou para o 190, telefone de emergência da PMERJ, e segundo a Polícia Civil, "em nota", "o Peugeot de José foi repassado a outra pessoa ' sem que a documentação fosse regularizada'." Detalhe: o dono da loja tem 16 mandados de prisão expedidos contra [sic] ele por estelionato e apropriação indébita.

Agora o 'grand finale':

Em nota, a Polícia Militar confirmou que um PM [sic] estava com o veículo "como forma de compensação por uma venda de carro em mau estado". E a "nota" continua: "É possível que o policial tenha sido igualmente prejudicado", informou [sic] a corporação. Fim da notícia: A Polícia Militar disse que o comando do batalhão vai investigar porque o PM continuava com um carro em nome de outra pessoa, com IPVA atrasado e várias multas.

Nada mais é preciso acrescentar. Talvez apenas uma pequena ajuda deste escriba à investigação do porquê o PM continuava com um carro em nome de outra pessoa...

O PM continuava (talvez por dois anos) com um carro de outra pessoa porque isto é assim mesmo no Brasil e os incomodados que se mudem.
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