....................................................................................................

Uma reflexão independente sobre a mídia.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Relações Públicas não são empulhação. A obra de "expansão" do Metrô Rio sim.

Deu na coluna de Artur Xexéo de 20 de janeiro de 2010, intitulada "Patrão, o metrô atrasou" (O Globo, Segundo Caderno, p. 10):

"Não dá para ler o atual noticiário sobre o metrô carioca sem sentir uma nostálgica tristeza. Desde que foi inaugurado, mesmo que, nos seus primeiros tempos, recebesse críticas de não levar ninguém a lugar algum, o metrô sempre encheu de orgulho a alma sofrida do morador do Rio de Janeiro. Podia-se falar mal de qualquer aspecto da cidade, mas não do metrô. Era impecavelmente limpo, surpreendentemente confortável e, com o passar do tempo, indiscutivelmente eficiente. Mas o que foi que aconteceu com o metrô? Hoje, a crônica do metrô lembra o que se dizia dos trens da Central nas décadas de 1950 e 60. Vagões superlotados, falta de ar-refrigerado, horários não cumpridos. O metrô virou uma droga.

Nesse caos, apareceu o meu personagem preferido da semana: o senhor Joubert Flores, diretor de Relações Institucionais do Metrô Rio. O que é um diretor de Relações Institucionais? Imagino que seja o que, no meu tempo, chamava-se de relações-públicas. Ou, então, de assessor de imprensa. Enfim, o senhor Flores é quem dá entrevistas para os verdadeiros responsáveis continuarem na encolha. E, para o senhor Flores, talvez influenciado pela força de seu sobrenome, tudo vai bem.

O metrô está superlotado, reclamam os usuários. Mas o senhor Flores garante que o movimento está normal e que o sistema está trabalhando com 10% a menos de sua capacidade.

As portas dos trens estão com problemas na hora de fechar. O senhor Flores diz que as portas fecham normalmente. Há uma demora muito grande entre um trem e outro. O senhor Flores diz que o metrô cumpre seus horários à risca. E não se fala mais disso.

O metrô carioca deveria estar vivendo sua glória. Criou-se a ligação direta entre Pavuna e a Zona Sul, foi inaugurada a sempre sonhada e tão adiada Estação Ipanema, mas o brilho das novidades está sendo esmaecido pela má administração. O Rio já se orgulhou de seu metrô. Hoje, morre de vergonha dele."

COMENTÁRIO DO OFFBUDSMAN

Artur Xexéo tem razão. Sendo uma das referências atuais do jornalismo brasileiro, é ótimo que seja assim. Xexéo, resumidamente, escreveu: "relações institucionais são sinônimo de relações públicas que são sinônimo de assessoria de imprensa". Ponto final.

Ponto final não, ponto-e-vírgula; faltou Xexéo explicar que hoje o público não quer mais porta-vozes (e os relações-públicas sabem bem disso). A opinião pública quer ouvir o executivo principal. Colocá-lo em xeque. Ou seja, não dá mais para deixar os verdadeiros responsáveis "na encolha".

Na crise em que vive o Metrô Rio, a genuína assessoria de imprensa deve assumir perante os veículos de comunicação os erros da implementação da obra feita. E reportar os esforços reais feitos para minimizar os problemas do serviço.

E à imprensa - inclusive ao veículo em que o sr. Xexéo trabalha - cabe denunciar o contrato de concessão renovado por mais 20 anos em troca de uma obra sabidamente errada no que toca à expansão do serviço metroviário e deixar de fazer marola repercutindo que "o governador mandou um e-mail desaforado ao presidente do metrô".

Nenhum comentário:

Postar um comentário